Rádio KIDS

domingo, 7 de agosto de 2011

A pressão arterial


A determinação adequada da pressão nas artérias só seria iniciada, entretanto, entre os séculos XVI e XVII. Após as curiosas invenções de Santorio (termômetro, higrômetro, pulsímetro), como representante dos "iatrofísicos" - interessados na aplicação de técnicas matemáticas e mecânicas - sucederam-se múltiplos trabalhos que vão de Hales a Riva-Rocci e deste a Korotkoff e que comparecem atentamente analisados no presente estudo histórico.
A preocupação médica com o pulso perde-se no tempo. Coube a dois médicos de Alexandria, que tiveram forte influência da medicina grega de Hipócrates , a descrição do pulso arterial. Herófilo , o "primeiro anatomista e clínico ao mesmo tempo", fundador da "doutrina do pulso", descreveu com exatidão as pulsações, correlacionou a sístole e a diástole com os sons musicais, e considerou ser o pulso um fenômeno que ocorre dentro dos vasos .
Mas, coube ao médico veneziano, Santorio Santorio , a primeira tentativa de registrar o pulso. Para tanto, inventou o pulsilogium, aparelho que servia para medir a freqüência e a variação do pulso 3 .
A Galileo Galilei também é atribuída a invenção do pulsilogium, bem como, a ambos, a invenção do termômetro, mas foi Santorio quem lhes deu aplicabilidade clínica 3.
Nessa época, William Harvey , o "descobridor da circulação", publicou seus memoráveis estudos sobre a circulação3 . Foi tão contestado que, somente um século após, o também inglês, reverendo Stephen Hales , fez a primeira medição da pressão arterial (PA) de um animal 4 .
Improvisando um longo tubo de vidro como manômetro, assim descreveu, em 1733, seu primeiro experimento: "Em dezembro, eu imobilizei uma égua, com 1,4m de altura e cerca de 14 anos, que tinha uma fístula na sua virilha. Não era nem forte, nem fraca. Tendo aberto sua artéria crural esquerda em cerca de 7,6cm a partir de seu ventre, eu inserí um tubo de cobre com 0,4cm de calibre e, através de um outro tubo de cobre que estava firmemente adaptado ao primeiro, eu fixei um tubo de vidro de, aproximadamente, o mesmo diâmetro, com 2,7m de comprimento.
Então, soltando a ligadura da artéria, o sangue subiu a 2,5m no tubo de vidro, acima do ventrículo esquerdo do coração... quando atingia sua máxima altura, oscilava 5, 7,5 ou 10cm após cada pulsação. Então eu tirei o tubo de vidro, e deixei o sangue jorrar livremente, quando a altura máxima atingida pelo jato não era mais do que 61cm. Eu medí como o sangue jorrava da artéria, e após cada quart que saía, eu refixei o tubo de vidro na artéria para ver o quanto a força do sangue tinha diminuído; isto eu repeti até 8 quart, quando a força tornou-se então fraca... Após a morte do animal, quase 3 quart do sangue permanecia no seu corpo, o qual somado com o que havia sangrado, totaliza 20 quart , o que, numa baixa estimativa, podemos calcular como a quantidade de sangue circulante de um cavalo" 3-5 .
Na realidade, Hales estava mais interessado na capacidade do ventrículo esquerdo. Em outro experimento em cavalo, encontrou a pressão da veia jugular de 30cm, com o animal em repouso, e de 132cm, quando excitado 3 . Este experimento está muito bem representado em um dos afrescos de Diego Rivera, de 1945, que se encontra no Instituto de Cardiologia do México, feito por encomenda do Dr Ignacio Chávez, quando procurou ilustrar a história da cardiologia 2 .
Este instrumento foi o primeiro a ter o nome de "esfigmomanômetro" e apesar de ser simples e engenhoso ao mesmo tempo, na realidade, não fazia outra coisa senão transformar uma sensação tátil em uma impressão visível. A dificuldade em quantificar a oscilação do pulso e, em última análise, de medir a PA, levou-o ao abandono 2,7 .


Postado por: Rafael Gobatto


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